Texto escrito pela Psicóloga Vanessa Menezes, Terapeuta Cognitivo Comportamental.
Quando olhamos para uma história sempre da mesma posição os personagens raramente trocarão de lugar; por isso hoje pensei em avaliarmos uma figura conhecida dos mitos infantis à luz da Terapia do Esquema (TE), e como seria vê-la não como antagonista, mas como a protagonista de sua própria história de vida.
A rainha má (do conto da Branca de Neve) era uma mulher de extrema vaidade e por isso maltratava tanto a enteada, não só por uma disputa estética, mas por ter tido estilos parentais agressivos, severos, distante afetivamente e punitivos. Por sua vez a rainha cresceu sofrendo por não ter suas necessidades emocionais atendidas, porém a maneira que encontrou de enfrentar essa lacuna de afeto foi se identificando e repetindo o comportamento de seus pais (hipercompensando).
O estilo hipercompensador maximiza de forma latente tudo o que foi vivenciado e aprendido na infância, dessa forma alguns esquemas são gerados em torno da reprodução equivalente das atitudes familiares, uma vez que este teme ser a “vítima” mais uma vez, tomando a postura de “agressor”.
A hipercompensação também conhecida como estilo de luta é por vezes difícil de ser compreendida, já que o indivíduo repete ao outro o que sofreu, no entanto no íntimo da pessoa há o sofrimento instalado tanto pelo que passou, assim como, por não estar a nível da consciência esse seu padrão desadaptativo.
Qualquer que seja o estilo de enfrentamento (evitativo, hipercompensador e resignado) este se desenvolve a partir da correlação do temperamento inato junto a identificação com uma das figuras de responsabilidade (pai/mãe/ou outro responsável) e de acordo com a TE há mecanismos específicos para se trabalhar frente a esses esquemas desadaptativos que geram tanto sofrimento para o indivíduo, assim como para quem se relaciona com o mesmo.
O processo psicoterapêutico da TE é sem dúvidas algo que permitirá o desenvolvimento de relações e comportamentos mais saudáveis, mas é importante ressaltar a necessidade de um cuidar mais empático, atento e próximo às nossas figuras de vinculação dentro do próprio ambiente familiar sendo a prevenção o cuidar mais assertivo de todos.